A Biota Aquática da baía de Todos os Santos e costa Atlântica de Salvador, Bahia
Lagosta-Pintada (Panulirus echinatus)
- Subfilo: Crustacea
- Ordem: Decapoda
- Família: Palinuridae

DESCRIÇÃO
A Lagosta-pintada possui a carapaça espinhosa, com dois espinhos supraoculares grandes voltados para cima e para frente.
O corpo e principalmente a cauda apresentam inúmeras manchas claras oceladas, sendo as centrais ligeiramente menores que as laterais sobre um fundo marrom avermelhado. As antenas e as pernas apresentam linhas longitudinais amareladas ou esbranquiçadas sobre o fundo avermelhado.
Apesar de raro, alguns exemplares desta espécie podem apresentar alterações no gene Crustacianina (CRCN) que associado ao carotenoide Astaxantina e a um complexo de proteínas dá o tom avermelhado da carapaça de diversas espécies de crustáceos e apresentar uma coloração predominantemente azul onde deveriam prevalecer as cores marrom avermelhadas.

BIOLOGIA
A Lagosta-pintada possui hábitos noturno, passando o dia em cavidades profundas em ambientes recifais costeiros entre 0m e 35m de profundidade.
A dieta da lagosta-pintada é onívora, generalista e oportunista, se alimenta de tudo, porém prefere se alimentar de outros animais, de diversos níveis tróficos, que estejam associados ao substrato, especialmente animais mortos.
Assim como para as demais espécies de lagostas a fecundação e o desenvolvimento embrionário da Lagosta-pintada é externo e leva em média 3 meses quando as fêmeas se distanciam da costa e desovam em águas mais profundas, entre 40m e 50m de profundidade.
Ao saírem dos ovos as larvas são liberadas na água e levam um longo tempo se desenvolvendo através de numerosos estágios, podendo passar até 12 meses como componente do plâncton até serem levadas para a zona costeira pelas corretes de maré onde assumem o habitat bentônico e se desenvolvem até atingir a fase juvenil.
O período de maior atividade reprodutiva para a Lagosta-pintada é entre os esses de outubro e novembro, porém fêmeas ovadas podem ser encontradas durante todo o ano.
DISTRIBUIÇÃO
A Lagosta-pintada ocorre nos recifes costeiros do brasil entre o litoral do Ceará até o Rio de Janeiro e especialmente em ilhas oceânicas do Atlântico Sul onde costuma predominar, como nas ilhas de Fernando de Noronha, Atol das Rocas, Arquipélago de São Pedro e São Paulo, Ilha da Trindade, Ilhas Ascensão e Santa Helena, Canárias e Cabo Verde.
É a lagosta mais comum nas pescarias realizadas em Garapuá, ilha de Tinharé no baixo sul do estado da Bahia.
A Lagosta-pintada pode ser observada em mergulho noturnos na baía de Todos os Santos em recifes que apresentem locas profundas como o Quebramar Norte ou o recife da Boa Viagem. A noite ela costuma ficar fora das locas e o mergulhador consegue se aproximar bem e fazer excelentes fotos.

STATUS DE CONSERVAÇÃO E AMEAÇAS
A Lagosta-pintada é uma das 3 espécies de lagosta que sofrem com crescente pressão pesqueira (sobrepesca) no litoral Nordeste do Brasil, são elas além da Lagosta-pintada a Lagosta-vermelha (Panulirus argus) e a Lagosta-verde (Panulirus laevicauda), porém devido ao pouco conhecimento científico sobre a sua biologia, a inexistência de dados estatísticos do desembarque pesqueiro da espécie e informações sobre o status da sua população esta lagosta encontra-se classificada como Dados Insuficientes (DD) pelo Livro Vermelho das Espécies Brasileiras Ameaçadas de Extinção.
A Portaria SAP/MAPA nº221 de 8 de junho de 2021 que dentre as regras de ordenamento, monitoramento e controle da pesca, transporte e armazenamento de lagostas no Brasil estabelece o período compreendido entre 1º de novembro e 30 de abril como período de defesa para as 3 principais espécies de lagosta que são alvo da pesca no Brasil, dentre elas a Lagosta-pintada. Esta mesma Portaria estabelece que a partir de 1 de maio das 2023 as 3 espécies de lagosta só poderão ser desembarcadas e entregues às empresas pesqueiras se estiverem vivas e inteiras, além de estabelecer outros critérios como tamanho mínimo para a captura e outras que porém não contemplam a Lagosta-pintada uma vez que ainda carecem dados científicos sobre a espécie.
Autor(es)
Mergulhador e apaixonado pelos oceanos desde a infância.
Desde a década de 1990 está envolvido em ações e pesquisas relacionadas com a biota aquática, tendo sido coordenador de resgate do Centro de Resgate de Mamíferos Aquáticos (CRMA) do Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA) e fundador do Centro de Pesquisa e Conservação dos Ecossistemas Aquáticos (Biota Aquática) e do EcoBioGeo Meio Ambiente & Mergulho Científico, e ao longo dos anos participou de projetos de pesquisa e de consultoria na ambiental em parceria com diversas instituições.
Também atua como instrutor de mergulho SDI e PADI.
Tem como objetivo, além de produzir informação de qualidade fomentar o reconhecimento e a qualificação dos mergulhadores científicos.