A Biota Aquática da baía de Todos os Santos e costa Atlântica de Salvador, Bahia
Dragãozinho-verde (Xyrichthys splendens)
Dragãozinho-de-areia (Xyrichthys novacula)
- Classe: Actinopterygii
- Ordem: Perciformes
- Família: Labridae

DESCRIÇÃO
A principal característica dos labrídeos do gênero Xyrichthys é o formato da cabeça que é alta e apresenta um perfil íngreme, sendo mais íngreme nos machos que nas fêmeas. Tanto a cabeça quanto o corpo destes peixes são fortemente comprimidos, os olhos são pequenos e localizados na metade superior da cabeça, nadadeira caudal ligeiramente arredondada e nadadeiras pélvicas pontiagudas com longos filamentos nos indivíduos adultos.
Os indivíduos jovens do Dragãozinh0-verde apresentam coloração castanho-amarelado com barras verticais castanho-avermelhadas ao longo do corpo e apresentam os primeiros raios da nadadeira dorsal alongados. A fêmea adulta apresenta coloração cinza-rosada com finas barras branco-azuladas na cabeça, já o macho adulto possui o corpo esverdeado com uma mancha azulada alongada verticalmente em cada escama. A cabeça do macho adulto é azulada com 4 ou 5 barras finas alaranjadas nas bochechas. Os olhos do Dragãozinho-verde são vermelhos vivo.

O padrão de coloração do corpo do Dragãozinho-de-areia macho adulto é predominantemente rosa-avermelhado ou verde e praticamente sem marcas conspícuas com o ventre ligeiramente mais claro. As nadadeiras dorsal e anal apresentam um colorido vivo com margem de colorido bem mais intenso que o do corpo. As fêmeas e os indivíduos bem mais jovens possuem o corpo de coloração acastanhada-pálida. O Dragãozinho-de-areia pode apresentar muitas faixas verticais estreitas e azuladas no corpo e na cabeça. Os olhos do Dragãozinho-de-areia são alaranjados.
Os Dragõezinhos-verde são peixes pequenos, atingem no máximo 17,5cm de comprimento total, já os Dragõezinhos-de-areia são ligeiramente maiores, atingindo em média 20cm de comprimento total, porém indivíduos medindo até 38cm de comprimento já foram registrados.

BIOLOGIA
Ambos os dragõezinhos são espécies peixe costeiros, ocorrendo geralmente em águas claras e rasas de praias arenosas sendo mais comum dentro ou próximo de bancos de gramas marinhas.
A dieta do Dragãozinho-verde varia de acordo com o habitat em que se encontram, podendo conter zooplâncton, pequenos invertebrados móveis (em especial pequenos caranguejos e camarões) e ocasionalmente moluscos bivalves, os Dragõezinhos-de-areia também possuem uma dieta variada, podendo incluir pequenos crustáceos, ascídias, poliquetas e moluscos.
Os Dragõezinhos-verde apesar de não serem frequentemente observados em cardumes, quando adultos formam grupos compostos por um macho e um harém de fêmeas que compartilham uma mesma área sem se agruparem e os machos defendem ferozmente este território contra a “Invasão” por outro macho da mesma espécie. Algumas fêmeas também podem apresentar comportamentos territoriais, porém não é comum.
Quando se sentem ameaçados ambas as espécies de dragõezinhos mergulham de cabeça no substrato arenoso e se escondem, comportamento que é facilitado por conta do formato das suas cabeças e pela pouca espessura do corpo.
Os dragõezinhos possuem hermafroditismo protogínico, ou seja, todos os peixes destas espécies inicialmente desenvolvem os órgãos reprodutivos femininos e posteriormente em alguns indivíduos estes órgãos atrofiam e se desenvolvem em órgãos masculinos, ocorrendo portanto a mudança de sexo.
A reprodução do Dragãozinho-verde se dá por meio da liberação de esperma e óvulos na coluna d´água e ocorre durante todo o ano. Os ovos fecundados passam a fazer parte do ictioplâncton e são carreados ao sabor das marés.

DISTRIBUIÇÃO
O Dragãozinho-verde ocorre na zona tropical do Atlântico ocidental, da Flórida ao Brasil incluindo as Bermudas e o Caribe, já o Dragãozinho-de-areia, além de compartilhar a distribuição do Dragãozinho-verde ocorre também no Atlântico oriental, entre a costa da França e de Angola incluindo o mar do Caribe e os arquipélagos oceânicos da Madeira, Cabo Verde, Açores, ilha de São Tomé e Canárias.
Em Salvador e na baía de Todos os Santos ambos os dragõezinhos não são muito fáceis de serem encontrados, porém com paciência é possível observar alguns jovens nas praias do Rio Vermelho, do Parque Marinho da Barra e do Porto da Barra. Indivíduos adultos não são comuns, mas vez ou outra são vistos nos pontos de mergulho fora da baía de Todos os Santos.

STATUS DE CONSERVAÇÃO
Devido ao seu tamanho, o Dragãozinho-verde não é uma espécie de interesse da pesca e mesmo o Dragãozinho-de-areia que é um pouco maior a sua captura é considerada ocasional, porém por serem peixes muito bonitos e com caraterísticas bem peculiares são alvos dos coletores que abastecem o mercado de peixes ornamentais, possuindo inclusive cota legal para a explotação com esta finalidade de acordo com a Instrução Normativa Nº202 de 22 de outubro de 2008.
De qualquer forma para ambas as espécies o status de conservação é considerado como Pouco Preocupante pela IUCN.

Autor(es)
Mergulhador e apaixonado pelos oceanos desde a infância.
Desde a década de 1990 está envolvido em ações e pesquisas relacionadas com a biota aquática, tendo sido coordenador de resgate do Centro de Resgate de Mamíferos Aquáticos (CRMA) do Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA) e fundador do Centro de Pesquisa e Conservação dos Ecossistemas Aquáticos (Biota Aquática) e do EcoBioGeo Meio Ambiente & Mergulho Científico, e ao longo dos anos participou de projetos de pesquisa e de consultoria na ambiental em parceria com diversas instituições.
Também atua como instrutor de mergulho SDI e PADI.
Tem como objetivo, além de produzir informação de qualidade fomentar o reconhecimento e a qualificação dos mergulhadores científicos.