Mergulho Científico : Equipamentos : Carretilhas

No mergulho recreativo, apesar de não ser um equipamento obrigatório, a carretilha é considerada como um equipamento de segurança, podendo ser utilizada como cabo guia em águas com visibilidade reduzida ou com fortes correntezas a fim de permitir que o mergulhador retorne com mais facilidade ao ponto inicial do mergulho. Também pode ser utilizadas para subir um Deco Mark em caso de necessidade, ou em atividades de busca e recuperação, tanto para fazer varreduras quando para levantar algum objeto com a ajuda de Lift Bags.

Mergulhadores recreativos utilizando uma carretilha acoplada à um Deco Mark para fazer uma parada de segurança após um mergulho (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)

No mergulho técnico a carretilha também é tratada como um equipamento de segurança, porém já passa a ser essencial e obrigatória. Além dos usos já listados para o mergulho recreativo, no mergulho técnico ela permite entrar e sair com segurança de naufrágios ou de cavernas. Ela também pode ser utilizada para manter o contato entre dois mergulhadores.

O uso de uma carretilha no mergulho técnico profundo a fim de facilitar o retorno ao ponto de partida (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)

Já no mergulho científico a carretilha vai além de um equipamento de segurança e a depender do método de amostragem pode passar a ser uma ferramenta essencial para a sua realização, seja na demarcação de parcelas, como forma de medir grandes estruturas, auxiliar no mapeamento de áreas ou na realização de transectos para censos visuais.

Mergulhador científico realizando um vídeo transecto sobre um cabo esticado de uma carretilha (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)

Um mergulhador deve sempre mergulhar munido de pelo menos duas carretilhas, uma que sirva para a sua segurança e outra para a aplicação do método a ser empregado na amostragem.

As carretilhas são literalmente carretéis, geralmente com cabos de seda e podem se apresentar nos mais variados formatos tamanhos. Podem ser confeccionadas tanto em ligas metálicas quanto plástico, acrílico ou PVC.

Basicamente existem três tipos de carretilhas:

Carretilha Primária

Carretilha primária com capacidade para pelo menos 250m de cabo (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)
  • Possuem o carretel geralmente em acrílico ou PVC com alça de alguma liga metálica.
  • Possui eixo.
  • São grandes e pesadas e suportam mais de 150m de cabo de seda.
  • Possui trava.
  • Podem ter encapsulamento de cabos ou não.
  • No mergulho científico são úteis para mapeamentos e demarcação de parcelas.
  • São carretilhas pesadas e desengonçadas para censos visuais e outros métodos de amostragem que não demandem muito cabo.
Modelo de carretilha primária destinada preferencialmente ao mergulho científico (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)

Carretilha Secundária

Carretilha secundária (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)
  • Possuem o carretel geralmente em acrílico ou PVC, podendo ou não ter alça de alguma liga metálica.
  • Possui eixo.
  • São mais leves que as carretilhas primárias e suportam menos cabo, geralmente suportando algo entre 30m e 50m de cabo de seda.
  • Possui trava.
  • São úteis para a realização de transectos ara censos visuais e medição de algumas estruturas.
  • São as carretilhas mais recomendadas por serem úteis à grande maioria dos métodos.

Spool

(também chamadas de carretilha de dedo)

Spool (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)
  • São carreteis menores que podem ser produzidas em alguma liga metálica leve ou em PVC.
  • Diferentes das carretilhas anteriores, o Spool não possui eixo e rolamento central.
  • O cabo de seda não é recomendado para os Spool devido a sua espessura. As linhas de poliéster Flat Line com 0,5mm a 2,0mm de espessura são as mais utilizadas. Uma Spool pode ter de 10m a 50m de cabo.
  • Não apresenta trava.
  • O Spool é mais leve e mais prático que as carretilhas anteriores, porém o cabo utilizado costuma ser muito leve e se não for bem esticado tendem a ficar “solto” na água dificultando a realização de alguns métodos.

Para a maioria dos mergulhos científicos recomenda-se o uso de uma Carretilha Secundária e pelo menos um Spool, ou uma Carretilha Primária caso o método exija grande quantidade de cabos e pelo menos um Spool.

Na hora de comprar uma carretilha primária ou secundária se atente ao eixo, ele deve ser firme, não deve apresentar folgas pois qualquer oscilação pode levar à quebra deste eixo e tornar a carretilha inutilizável durante o mergulho.

A escolha do cabo correto também é importante, para o mergulho recreativo praticamente qualquer cabo de seda serve, para o mergulho técnico a espessura varia de acordo com o tipo de mergulho a ser realizado, já no mergulho científico, quando for preciso que o cabo fique firme sob o substrato sem serem deslocados pelos movimentos da maré recomenda-Se o uso de cabo de seda chumbado.

Cabo de seda (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)

Existem ainda cabos fluorescentes (Glow) e cabos confeccionados em outros materiais como o nylon, porém os cabos de seda são os mais recomendados para as carretilhas e os cabos em poliéster para os Spools.

A manutenção das carretilhas é simples, basta lavar com água doce corrente e deixar secar à sombra. De tempos em tempos ou após cada uso, desenrole todo o cabo e estique entre pilares ou qualquer outra estrutura e depois enrole novamente no carretel. Se o cabo tiver molhado ou úmido, espere secar antes de enrolar.

Ao enrolar use o dedo para controlar a linha movimentando-a evitando que acumule mais de um lado ou do outro reduzindo o risco de embolar quando for utilizado. Evite dar nó no cabo, dê preferência para outros tipos de marcação.

Transecto armado (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)
Video transecto sendo realizado sobre uma linha de carretilha esticada no substrato (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)
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Mergulhador e apaixonado pelos oceanos desde a infância.
Desde a década de 1990 está envolvido em ações e pesquisas relacionadas com a biota aquática, tendo sido coordenador de resgate do Centro de Resgate de Mamíferos Aquáticos (CRMA) do Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA) e fundador do Centro de Pesquisa e Conservação dos Ecossistemas Aquáticos (Biota Aquática) e do EcoBioGeo Meio Ambiente & Mergulho Científico, e ao longo dos anos participou de projetos de pesquisa e de consultoria na ambiental em parceria com diversas instituições.
Também atua como instrutor de mergulho SDI e PADI.
Tem como objetivo, além de produzir informação de qualidade fomentar o reconhecimento e a qualificação dos mergulhadores científicos.

About Rodrigo Maia-Nogueira

Mergulhador e apaixonado pelos oceanos desde a infância. Desde a década de 1990 está envolvido em ações e pesquisas relacionadas com a biota aquática, tendo sido coordenador de resgate do Centro de Resgate de Mamíferos Aquáticos (CRMA) do Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA) e fundador do Centro de Pesquisa e Conservação dos Ecossistemas Aquáticos (Biota Aquática) e do EcoBioGeo Meio Ambiente & Mergulho Científico, e ao longo dos anos participou de projetos de pesquisa e de consultoria na ambiental em parceria com diversas instituições. Também atua como instrutor de mergulho SDI e PADI. Tem como objetivo, além de produzir informação de qualidade fomentar o reconhecimento e a qualificação dos mergulhadores científicos.

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