A Medusa-mármore

A Biota Aquática da baía de Todos os Santos e costa Atlântica de Salvador, Bahia

Medusa-mármore (Lychnorhiza lucerna)

  • Filo: Cnidaria
  • Ordem: Daktyliophorae (Scyphozoa)
  • Família: Lychnorhizidae
Medusa-mármore (Lychnorhiza lucerna) registrada em Ipitanga, Lauro de Freitas (Foto: Diego Valverde Medeiros)

DESCRIÇÃO

As medusas são popularmente conhecidas no Brasil por água-viva!

Medusa-mármore (Lychnorhiza lucerna) registrada em Ipitanga, Lauro de Freitas (Foto: Diego Valverde Medeiros)

A Medusa-mármore tem o domo hemisférico, ligeiramente achatado, de coloração predominantemente branca, podendo ou não apresentar manchas amarronzadas que lhes dão um aspecto marmorizado e manchas azul-escuro nas bordas do domo. Possui quatro braços orais, com três lóbulos cada, agrupados em forma de cachos de uva dos quais partem numerosos filamentos. As múltiplas bocas estão localizadas na porção interna entre os braços.

Medusa-mármore (Lychnorhiza lucerna) registrada em Ipitanga, Lauro de Freitas (Foto: Diego Valverde Medeiros)

O domo da Medusa-mármore pode apresentar de 4,5cm a 25cm de diâmetro e os braços possuem comprimento proporcional ao diâmetro do domo.

Medusa-mármore (Lychnorhiza lucerna) registrada no Parque Marinho da Barra (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)

BIOLOGIA

A Medusa-mármore é uma espécie geralmente rara de ser observada, porém estes animais podem apresentar grandes concentrações transitórias através de blooms, eventos de proliferação de determinados organismos devido a diversos fatores, tais como a manutenção prolongada de baixa ou de alta temperatura, aumento da concentração de determinados nutrientes, etc.

Medusa-mármore (Lychnorhiza lucerna) registrada em Ipitanga, Lauro de Freitas (Foto: Diego Valverde Medeiros)

Assim como a maioria das águas-vivas, a Medusa-mármore costuma ficar próxima à superfície, geralmente sobre ambientes recifais.

Medusa-mármore (Lychnorhiza lucerna) registrada no naufrágio do Maraldi, Parque Marinho da Barra (Foto: Fagner Rodrigues)

A Medusa-mármore possui grande relevância na cadeia trófica marinha uma vez que é uma voraz predadoras de produtores primários e ao mesmo tempo compõe a dieta de grandes animais marinhos.

Medusa-mármore (Lychnorhiza lucerna) registrada no naufrágio do Maraldi, Parque Marinho da Barra (Foto: Bruno Lima de Menezes)

Os pólipos da Medusa-mármore apresentam reprodução assexuada e as medusas adultas sexuadas. O ovo fertilizado da Medusa-mármore se transforma em uma plânula livre natante, que com o tempo se assenta no substrato como um organismo séssil e se metamorfoseia em um pequeno pólipo com 4 tentáculos que no próximo estágio evolutivo se desenvolvem aumentando o seu número de tentáculos.

Medusa-mármore (Lychnorhiza lucerna) registrada no naufrágio do Maraldi, Parque Marinho da Barra (Foto: Fagner Rodrigues)

Associação de medusas com outros organismos é bastante comum, para a Medusa-mármore existe registros obtidos no Paraná e no Maranhão da interação com o caranguejo Libinia ferreirae, que passa parte da sua vida protegido pelo corpo da medusa.

Medusa-mármore (Lychnorhiza lucerna) registrada no naufrágio do Maraldi, Parque Marinho da Barra (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)

Apesar de não ser considerada uma espécie perigosa, assim como a maioria das medusas, a Medusa-mármore possui toxinas que podem provocar dor leve a moderada, porém os seus filamentos são curtos, além de ser uma espécie dócil que permite a aproximação do mergulhador sem o menor problema.

Medusa-mármore (Lychnorhiza lucerna) registrada no naufrágio do Maraldi, Parque Marinho da Barra (Foto: Fagner Rodrigues)

DISTRIBUIÇÃO

A Medusa-mármore é uma espécie endêmica do Atlântico Sul Ocidental, ocorrendo da costa de Magdalena na Colômbia à costa da província de Buenos Aires na Argentina.

Medusa-mármore (Lychnorhiza lucerna) registrada no naufrágio do Maraldi, Parque Marinho da Barra (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)

Em dezembro de 2019 começou a ser observada com frequência nas praias de Salvador e da baía de Todos os Santos, e em janeiro de 2020 as observações se intensificaram, provavelmente estamos passando por um bloom desta água-viva, porém ainda não se sabe qual fator desencadeou este processo.

Medusa-mármore (Lychnorhiza lucerna) registrada no naufrágio do Maraldi, Parque Marinho da Barra (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)

STATUS DE CONSERVAÇÃO

A Medusa-mármore não se encontra em nenhuma lista de espécies ameaçadas.

Medusa-mármore (Lychnorhiza lucerna) registrada em Ipitanga, Lauro de Freitas (Foto: Diego Valverde Medeiros)
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Autor(es)

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Mergulhador e apaixonado pelos oceanos desde a infância.
Desde a década de 1990 está envolvido em ações e pesquisas relacionadas com a biota aquática, tendo sido coordenador de resgate do Centro de Resgate de Mamíferos Aquáticos (CRMA) do Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA) e fundador do Centro de Pesquisa e Conservação dos Ecossistemas Aquáticos (Biota Aquática) e do EcoBioGeo Meio Ambiente & Mergulho Científico, e ao longo dos anos participou de projetos de pesquisa e de consultoria na ambiental em parceria com diversas instituições.
Também atua como instrutor de mergulho SDI e PADI.
Tem como objetivo, além de produzir informação de qualidade fomentar o reconhecimento e a qualificação dos mergulhadores científicos.

About Rodrigo Maia-Nogueira

Mergulhador e apaixonado pelos oceanos desde a infância. Desde a década de 1990 está envolvido em ações e pesquisas relacionadas com a biota aquática, tendo sido coordenador de resgate do Centro de Resgate de Mamíferos Aquáticos (CRMA) do Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA) e fundador do Centro de Pesquisa e Conservação dos Ecossistemas Aquáticos (Biota Aquática) e do EcoBioGeo Meio Ambiente & Mergulho Científico, e ao longo dos anos participou de projetos de pesquisa e de consultoria na ambiental em parceria com diversas instituições. Também atua como instrutor de mergulho SDI e PADI. Tem como objetivo, além de produzir informação de qualidade fomentar o reconhecimento e a qualificação dos mergulhadores científicos.

2 thoughts on “A Medusa-mármore

  1. Muito interessante o teu trabalho.
    Vim para o litoral do Paraná e na praia encontrei várias medusas-mármore próximas ao caranguejo Libinia ferreirae. Procurando se havia associação vim parar aqui.

    1. Obrigado Silvia pelo importante comentário, temos o foco em desenvolver conteúdo de qualidade em uma linguagem acessível de forma a aproximar ainda mais a sociedade de informações científicas.

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