A Biota Aquática da baía de Todos os Santos e costa Atlântica de Salvador, Bahia
Baba-de-boi (Palythoa caribaeorum)
- Classe: Anthozoa
- Ordem: Actinaria
- Família: Zoantharia
DESCRIÇÃO
O Baba-de-boi é um cnidario colonial sem estrutura rígida calcarea de coloração que varia entre o amarelo e o marrom. Os pólipos tem duas fileiras de tentáculos curtos.
O Baba-de-boi recebe o seu nome popular devido ao muco abundante e viscoso produzido pelos seus pólipos quando expostos na maré baixa e que tem a função de proteger a colônia contra a dessecação pela exposição uma vez que não possui a capacidade de reter água.
BIOLOGIA
O Baba-de-boi como os demais organismos da Ordem Zoantharia é uma espécie não construtora (não possuem esqueleto calcareo), porem incorpora partículas de sedimento nos seus tecidos.
O Baba-de-boi e alimenta de fito e zooplâncton que captura com os tentáculos dos seus pólipos, porém também apresentam simbiose com Zooxantelas das quais se beneficiam da fotossíntese (absorvem açúcares e outros nutrientes) e portanto exigem incidência de luz para sobreviver.
Excelente competidor, o Baba-de-boi costuma dominar os ambientes onde ocorre matando ou inibindo o crescimento dos seus concorrentes através de investidas físicas utilizando os seus tentáculos ou através de investidas químicas, além de ter uma taxa de crescimento relativamente alta (11cm²/mês). A toxina do Baba-de-boi, a Palytoxina, é uma das mais potentes conhecidas, sendo considerada uma das moléculas biologicamente ativas mais potentes, e portanto é uma forte arma na competição pelo território.
Dentre os corais comuns em nossas águas que podem ser suprimidos elo Baba-de-boi em uma competição estão as espécies dos gêneros Favia, Meandrina, Siderastrea, Montastraea e Millepora, além de outros zoantideos, esponjas e algas.
O Baba-de-boi compõe a dieta da Tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), o Poliqueta-de-fogo (Hermodice carunculata), ouriços e algumas espécies de peixes como o Sargentinho (Abudefduf saxatilis), o Parú (Pomacantbus paru), o Frade (Pomacanthus arcuatus), o Borboleta (Chaetodon striatus), o Ciliares (Holacanthus ciliaris), entre outros. Os predadores do baba-de-boi, ao se alimentarem dele armazenam Palytoxina nos tecidos.
DISTRIBUIÇÃO
O Baba-de-boi é comum nos ambientes recifais ao longo do Atlântico Ocidental ocorrendo desde o Sul da Flórida (EUA) até Santa Catarina (BR), sendo particularmente abundante em águas brasileiras ocorrendo em locais rasos que podem ficar exposto na maré baixa até águas mais profundas, com 15m de profundidade.
Em Salvador e na baía de Todos os Santos o Baba-de-boi pode ser encontrado em todos os pontos de mergulho costeiros, especialmente no Parque Marinho da Barra, Marco Polo, Yacht Clube da Bahia, Costão Rochoso da Vitória, Molhe Sul, Quebra-mar Norte e Corais da Boa Viagem, incluindo os Naufrágios do Maraldi, do Germânia e Bretagne, e do Blackadder.
STATUS DE CONSERVAÇÃO
O Baba-de-boi não se encontra listado sob nenhuma categoria de ameaça.
Por ser uma espécie filtradora o Baba-de-boi acumula em seu organismo metais pesados absorvidos do substrato e da coluna d´água.
Por apresentar simbiose com zooxantelas o Baba-de-boi também sofre nos eventos de branqueamento, sendo inclusive umas das espécies indicadora do evento, uma vez que é uma das primeiras espécies a sofrerem o branqueamento.