A Biota Aquática da baía de Todos os Santos e costa Atlântica de Salvador, Bahia
Raia-de-olhos-grandes (Hypanus marianae)
- Classe: Elasmobranchii
- Ordem: Myliobatiformes
- Família: Dasyatidae

DESCRIÇÃO
Esta é uma raia de médio porte, atinge em média 30 cm de largura do disco, podendo chegar a apresentar até 40 cm. A sua cauda é relativamente curta em relação a outras espécies do gênero (Hypanus spp.), sendo menor que duas vezes a largura do disco.
A sua coloração é amarelo-amarronzado apresentando manchas ligeiramente escuras de padrões irregulares entre os opérculos e dois pares de manchas na região escapular. O disco e as barbatanas pélvicas são margeadas de marrom escuro seguida por uma fina margem azul na extremidade da porção dorsal. O ventre é branco e nos adultos apresentam dois pares de manchas escuras e simétricas.
Como o próprio nome popular já sugere, os olhos desta raia são ligeiramente maiores em relação ao tamanho do corpo que os das demais espécies do mesmo gênero (Hypanus spp.).

BIOLOGIA
Muito pouco da biologia da Raia-de-olhos-grandes é conhecido ainda uma vez que se trata de uma espécie recentemente descrita pela ciência, em relação ao habitat sabe-se que filhotes e jovens preferem praias arenosas e estuários, já os indivíduos adultos estão associados a ambientes recifais onde ocorrem na interface entre a areia e o recife, geralmente em profundidades entre 8 m e 15 m.
Dois exemplares foram encontrados no estômago de um Bijupirá (Rachycentron canadum) capturado no Parcel Manoel Luiz adulto indicando que este seja um predador desta espécie nesta localidade.
A reprodução desta Raia é considerada ovovivípara ou vivípara aplacental cujos embriões se alimentam diretamente da gema, porém recebendo nutrição adicional da mãe ao absorver fluido uterino enriquecido com muco, gordura e proteínas.
Não se sabe ao certo quantos filhotes esta Raia é capaz de gerar por vez, porém existe o registro do aborto realizado por uma fêmea grávida capturada no Parcel Manoel Luiz de um único embrião, completamente formado.
Quando enterrada ficam expostos apenas os seus olhos e ela se sente tão segura que o mergulhador consegue chegar bem perto dela, porém se assustada ela logo se desenterra e segue foge.
Mesmo sendo possível a aproximação em um exemplar enterrado vale ressaltar que estes animais possuem um “ferrão” na base da cauda e bastante habilidade para utilizá-lo em sua defesa podendo causar ferimentos sérios, porém é um animal dócil e as chances de um acidente são mínimas se uma distância mínima e a regra de não tocar em nenhum animal for adotada.


DISTRIBUIÇÃO
A Raia-de-olhos-grandes é uma espécie endêmica do Brasil, com registros entre o litoral de Belém (Pará) como seu limite conhecido de distribuição mais Norte e a região de Caravelas e do banco dos Abrolhos (Bahia) como seu limite conhecido de distribuição mais ao Sul.
Nos pontos de mergulho de Salvador, é um animal raro, difícil de ser observado, porém ocasionalmente são observadas descansando enterrada na areia ao redor do naufrágio do Blackadder.

STATUS DE CONSERVAÇÃO
Segundo a IUCN a Raia-de-olhos-grandes se encontra na categoria “Data Deficient“, ou seja, os dados conhecidos para esta espécie ainda são insuficientes para se determinar o seu grau de ameaça.
Dentre os impactos conhecidos os mais relevantes para esta espécie são a degradação do ambiente recifal como um impacto indireto e provavelmente a captura pela pescaria artesanal e pelo comércio ornamental, este ultimo com registro de comercialização de exemplares aqui na Bahia.
Duas das principais áreas de ocorrência conhecidas para a Raia-de-olhos-grandes são áreas marinhas de proteção integral, são elas o Parque Estadual do Parcel Manuel Luiz (Maranhão) e o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos (Bahia)
Autor(es)
Mergulhador e apaixonado pelos oceanos desde a infância.
Desde a década de 1990 está envolvido em ações e pesquisas relacionadas com a biota aquática, tendo sido coordenador de resgate do Centro de Resgate de Mamíferos Aquáticos (CRMA) do Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA) e fundador do Centro de Pesquisa e Conservação dos Ecossistemas Aquáticos (Biota Aquática) e do EcoBioGeo Meio Ambiente & Mergulho Científico, e ao longo dos anos participou de projetos de pesquisa e de consultoria na ambiental em parceria com diversas instituições.
Também atua como instrutor de mergulho SDI e PADI.
Tem como objetivo, além de produzir informação de qualidade fomentar o reconhecimento e a qualificação dos mergulhadores científicos.