A Raia-de-olhos-grandes

A Biota Aquática da baía de Todos os Santos e costa Atlântica de Salvador, Bahia

Raia-de-olhos-grandes (Hypanus marianae)

  • Classe: Elasmobranchii
  • Ordem: Myliobatiformes
  • Família: Dasyatidae
Raia-de-olhos-grandes (Hypanus marianae) fotografada no naufrágio do Blackadder (Foto: Roberto Costa Pinto)

DESCRIÇÃO

Esta é uma raia de médio porte, atinge em média 30 cm de largura do disco, podendo chegar a apresentar até 40 cm. A sua cauda é relativamente curta em relação a outras espécies do gênero (Hypanus spp.), sendo menor que duas vezes a largura do disco.

A sua coloração é amarelo-amarronzado apresentando manchas ligeiramente escuras de padrões irregulares entre os opérculos e dois pares de manchas na região escapular. O disco e as barbatanas pélvicas são margeadas de marrom escuro seguida por uma fina margem azul na extremidade da porção dorsal. O ventre é branco e nos adultos apresentam dois pares de manchas escuras e simétricas.

Como o próprio nome popular já sugere, os olhos desta raia são ligeiramente maiores em relação ao tamanho do corpo que os das demais espécies do mesmo gênero (Hypanus spp.).

Raia-de-olhos-grandes (Hypanus marianae) fotografada no naufrágio do Blackadder (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)

BIOLOGIA

Muito pouco da biologia da Raia-de-olhos-grandes é conhecido ainda uma vez que se trata de uma espécie recentemente descrita pela ciência, em relação ao habitat sabe-se que filhotes e jovens preferem praias arenosas e estuários, já os indivíduos adultos estão associados a ambientes recifais onde ocorrem na interface entre a areia e o recife, geralmente em profundidades entre 8 m e 15 m.

Dois exemplares foram encontrados no estômago de um Bijupirá (Rachycentron canadum) capturado no Parcel Manoel Luiz adulto indicando que este seja um predador desta espécie nesta localidade.

A reprodução desta Raia é considerada ovovivípara ou vivípara aplacental cujos embriões se alimentam diretamente da gema, porém recebendo nutrição adicional da mãe ao absorver fluido uterino enriquecido com muco, gordura e proteínas.

Não se sabe ao certo quantos filhotes esta Raia é capaz de gerar por vez, porém existe o registro do aborto realizado por uma fêmea grávida capturada no Parcel Manoel Luiz de um único embrião, completamente formado.

Quando enterrada ficam expostos apenas os seus olhos e ela se sente tão segura que o mergulhador consegue chegar bem perto dela, porém se assustada ela logo se desenterra e segue foge.

Mesmo sendo possível a aproximação em um exemplar enterrado vale ressaltar que estes animais possuem um “ferrão” na base da cauda e bastante habilidade para utilizá-lo em sua defesa podendo causar ferimentos sérios, porém é um animal dócil e as chances de um acidente são mínimas se uma distância mínima e a regra de não tocar em nenhum animal for adotada.

Raia-de-olhos-grandes (Hypanus marianae) fotografada enterrada no naufrágio do Blackadder (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)
Raia-de-olhos-grandes (Hypanus marianae) fotografada se desenterrando no naufrágio do Blackadder (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)

DISTRIBUIÇÃO

A Raia-de-olhos-grandes é uma espécie endêmica do Brasil, com registros entre o litoral de Belém (Pará) como seu limite conhecido de distribuição mais Norte e a região de Caravelas e do banco dos Abrolhos (Bahia) como seu limite conhecido de distribuição mais ao Sul.

Nos pontos de mergulho de Salvador, é um animal raro, difícil de ser observado, porém ocasionalmente são observadas descansando enterrada na areia ao redor do naufrágio do Blackadder.

Raia-de-olhos-grandes (Hypanus marianae) fotografada no naufrágio do Blackadder (Foto: Roberto Costa Pinto)

STATUS DE CONSERVAÇÃO

Segundo a IUCN a Raia-de-olhos-grandes se encontra na categoria “Data Deficient“, ou seja, os dados conhecidos para esta espécie ainda são insuficientes para se determinar o seu grau de ameaça.

Dentre os impactos conhecidos os mais relevantes para esta espécie são a degradação do ambiente recifal como um impacto indireto e provavelmente a captura pela pescaria artesanal e pelo comércio ornamental, este ultimo com registro de comercialização de exemplares aqui na Bahia.

Duas das principais áreas de ocorrência conhecidas para a Raia-de-olhos-grandes são áreas marinhas de proteção integral, são elas o Parque Estadual do Parcel Manuel Luiz (Maranhão) e o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos (Bahia)

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Autor(es)

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Mergulhador e apaixonado pelos oceanos desde a infância.
Desde a década de 1990 está envolvido em ações e pesquisas relacionadas com a biota aquática, tendo sido coordenador de resgate do Centro de Resgate de Mamíferos Aquáticos (CRMA) do Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA) e fundador do Centro de Pesquisa e Conservação dos Ecossistemas Aquáticos (Biota Aquática) e do EcoBioGeo Meio Ambiente & Mergulho Científico, e ao longo dos anos participou de projetos de pesquisa e de consultoria na ambiental em parceria com diversas instituições.
Também atua como instrutor de mergulho SDI e PADI.
Tem como objetivo, além de produzir informação de qualidade fomentar o reconhecimento e a qualificação dos mergulhadores científicos.

About Rodrigo Maia-Nogueira

Mergulhador e apaixonado pelos oceanos desde a infância. Desde a década de 1990 está envolvido em ações e pesquisas relacionadas com a biota aquática, tendo sido coordenador de resgate do Centro de Resgate de Mamíferos Aquáticos (CRMA) do Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA) e fundador do Centro de Pesquisa e Conservação dos Ecossistemas Aquáticos (Biota Aquática) e do EcoBioGeo Meio Ambiente & Mergulho Científico, e ao longo dos anos participou de projetos de pesquisa e de consultoria na ambiental em parceria com diversas instituições. Também atua como instrutor de mergulho SDI e PADI. Tem como objetivo, além de produzir informação de qualidade fomentar o reconhecimento e a qualificação dos mergulhadores científicos.

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