Missão TEK Shark Dive : Novos Pontos: Pedra do Bomba e ponto não aproveitado

Foi realizada nesta segunda-feira dia 21 de outubro de 2019 uma saída para explorar pontos profundos na falha de Salvador, trecho mais profundo da baía de Todos os Santos que forma um canal com declives abruptos, degraus e paredões entre o fundo da baía com predomínio de 22m a 24m de profundidade e um canal com profundidades que ultrapassam os 40m.

Esticando a carretilha no fundo, primeiro ponto de mergulho (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)

PRIMEIRO PONTO

O primeiro mergulho foi realizado em um ponto da falha cujas coordenadas haviam sido aproveitadas de uma série de pontos mergulhados em uma missão anterior com finalidades científico-arqueológicas.

Descemos em um platô a 23m de profundidade e esticamos a carretilha para uma varredura a fim de conhecer todo o perímetro. O substrato predominante é areno-lodoso compactado com pedrados grandes em um declive relativamente suave onde descemos até os 31m de profundidade mas o declive ainda avançava em direção a águas mais profundas.

Um dos grandes pedrados no fundo do primeiro ponto de mergulho (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)

A biodiversidade nesse ponto é bem interessante, uma grande quantidade de esponjas de diversas formas e cores, caranguejos-aranha (Stenorhynchus seticornis), e uma estrela-do-mar (Ludia cf. sp.), além de uma ictiofauna bem rica, foram registrados neste mergulho: quatinga (Haemulon aurolineatum), bicoara (Haemulon parra), xira (Haemulon plumieri), salema (Anisotremus virginicus), rufus (Bodianus rufus), budiãozinho (Halichoeres poeyi), budião-batata (Sparisoma frondosum), jaguaraçá (Holocentrus adscensionis), barbeiro (Acanthurus bahianus), barbeiro-azul (Acanthurus coeruleous), cirurgião (Acanthurus chirurgus), ciliares (Holacanthus ciliares), frade (Pomacanthus arcuatus), barriga-branca (Swerranus flaviventris), amboré-vidro (Coryphopterus glaucofraeunum), cromis (Chromis multilineata), donzelinha (Stegastes variabilis), micholé-da-areia (Diplectrum formosum), jabu (Cephalopholis fulva) e trilha (Pseudupeneus maculatus).

Caranguejo-aranha (Stenorhynchus seticornis) fotografado no primeiro ponto de mergulho (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)
Jaguaraçás (Holocentrus adscensionis) e recrutas de Haemulon sp. em um dos pedrados no fundo do primeiro ponto de mergulho (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)
Estrela-do-mar (Ludia cf. sp.) fotografada no fundo areno-lodoso compactado entre os pedrados no fundo do primeiro ponto de mergulho (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)
Um ciliares (Holacanthus ciliares) e algumas quatingas (Haemulon aurolineatum) registrados no primeiro ponto de mergulho (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)

Um grande destaque deste mergulho foi encontrar pelo menos 3 pneus e 1 garrafa ja totalmente colonizados a 30m de profundidade demonstrando que nosso lixo não se resume às áreas mais rasas próximas à praia e impacta também trechos profundos da baía de Todos os Santos.

Garrafa de vidro no fundo do primeiro ponto de mergulho (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)
Pneu no fundo do primeiro ponto de mergulho (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)

Este mergulho durou 47 minutos entre o tempo de fundo e as paradas de segurança. Utilizamos mistura de gases Nitrox EANx30 (30% de oxigênio).

Equipe explorando o primeiro ponto de mergulho (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)
Explorando o primeiro ponto de mergulho (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)

PEDRA DO BOMBA

Ao término do primeiro mergulho observamos que um pouco mais ao sul duas embarcações se encontravam ancoradas pescando e estavam neste ponto desde antes iniciarmos o mergulho. Resolvemos então seguir em direção a este ponto com a sonda ligada sob os olhos atentos do instrutor de mergulho Paulo Henrique “Bomba” que analisava cada elevação ou depressão que aparecia na sonda.

Após pouco mais de 25 minutos de intervalo de superfície, ao chegarmos no local onde os outros barcos estavam ancorados pescando, uma tartaruga de espécie não identificada apareceu para nos dar as boas vindas, observamos na sonda que se tratava de um ponto com patamares em profundidades diferentes que iniciavam aos 24m de profundidade e logo alcançavam os 42m.

Explorando o novo ponto de mergulho Pedra do Bomba (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)

Resolvemos explorar para ver como era o ponto e logo ao chegar no fundo, de cara ja caímos em um degrau e a medida que avançávamos em direção ao fundo encontrávamos mais degraus, um mais alto que o outro até que um deles representava um paredão vertical com mais de 4m de profundidade … o local é muito bom, acreditamos ser ainda melhor que o ponto de mergulho “Cretino”.

Jaguaraçá (Holocentrus adscensionis), cromis (Chromis multilineata) e recruta de salema (Anisotremus virginicus) em um dos paredões dos degraus na Pedra do Bomba (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)

Não sei dizer se a biodiversidade neste local era menos rica ou se fiquei tão maravilhado com o ponto que fiz poucos registros. Os peixes observados neste ponto foram: borboleta (Chaetodon striatus), salema (Anisotremus virginicus), bicoara (Haemulon parra), quatinga (Haemulon aurolineatum), amboré-vidro (Coryphopterus glaucofraenum), rufus (Bodianus rufus), jaguaraçá (Hiolocentrus adscensionis), barriga-branca (Serranus flaviventris), barbeiro-azul (Acanthurus coeruleous), barbeiro (Acanthurus bahianus), cirurgião (Acanthurus chirurgus), cromis (Chromis multilineata), budião-sabonete (Nicholsina usta) e boquinha (Paranthias furcifer). Foi observada ainda uma lagosta-americana (Panulirus argus).

Salema (Anisotremus virginicus) fotografado na Pedra do Bomba (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)

Como os pontos são muito próximos é bem provável que a ictiofauna seja a mesma em ambos os pontos, ou pelo menos muito parecida.

Este mergulho foi menos longo que o anterior, o meu perfil de mergulho foi de 20 minutos contando com as paradas de descompressão. Utilizamos novamente como gás de mergulho uma mistura Nitrox EANx30 (30% de oxigênio).

Equipe pagando deco após o mergulho na Pedra do Bomba (Foto: Rodrigo Maia-Nogueira)

O ponto foi batizado de Pedra do Bomba em homenagem ao instrutor Paulo Henrique “Bomba” que estava no comando da embarcação e graças à sua expertise identificou este excelente ponto na sonda.

EQUIPE DA SHARK DIVE NESTA OPERAÇÃO

  • Ricardo Villegas “Chango” – Instrutor
  • Bruno Menezes “Ovinho” – Instrutor
  • Rodrigo Maia-Nogueira – Instrutor
  • Paulo Henrique “Bomba” – Instrutor
  • Fagner Costa – Divemaster
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Autor(es)

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Mergulhador e apaixonado pelos oceanos desde a infância.
Desde a década de 1990 está envolvido em ações e pesquisas relacionadas com a biota aquática, tendo sido coordenador de resgate do Centro de Resgate de Mamíferos Aquáticos (CRMA) do Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA) e fundador do Centro de Pesquisa e Conservação dos Ecossistemas Aquáticos (Biota Aquática) e do EcoBioGeo Meio Ambiente & Mergulho Científico, e ao longo dos anos participou de projetos de pesquisa e de consultoria na ambiental em parceria com diversas instituições.
Também atua como instrutor de mergulho SDI e PADI.
Tem como objetivo, além de produzir informação de qualidade fomentar o reconhecimento e a qualificação dos mergulhadores científicos.

About Rodrigo Maia-Nogueira

Mergulhador e apaixonado pelos oceanos desde a infância. Desde a década de 1990 está envolvido em ações e pesquisas relacionadas com a biota aquática, tendo sido coordenador de resgate do Centro de Resgate de Mamíferos Aquáticos (CRMA) do Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA) e fundador do Centro de Pesquisa e Conservação dos Ecossistemas Aquáticos (Biota Aquática) e do EcoBioGeo Meio Ambiente & Mergulho Científico, e ao longo dos anos participou de projetos de pesquisa e de consultoria na ambiental em parceria com diversas instituições. Também atua como instrutor de mergulho SDI e PADI. Tem como objetivo, além de produzir informação de qualidade fomentar o reconhecimento e a qualificação dos mergulhadores científicos.

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