F/B Agenor Gordilho está prestes a virar um naufrágio

Após uma longa jornada de aproximadamente 5 anos finalmente a Associação dos Mergulhadores Recreativos da Bahia (AMERB) sob os esforços de Igor Carneiro (Shark Dive) vai conseguir levar ao fundo da baía de Todos os Santos duas grandes embarcações, o rebocador oceânico Vega e o Ferry Boat Agenor Gordilho.

Ferry Boat Agenor Gordilho sendo construído no estaleiro Ebin Só S.A. (Fonte : iBahia Blogs)

O Ferry Boat Agenor Gordilho foi construído em 1972 no estaleiro Ebin Só S.A. em Porto Alegre (RS). Lançado com 69m de comprimento e 13m de largura (boca), na época ele tinha a capacidade para transportar apenas 32 veículos (o que para a época talvez não fosse tão pouco) e até 305 passageiros.

Trecho do artigo “A implantação do sistema Ferry-Boat: Um resgate histórico.” de Autoria de Débora Andrade e colaboradores em 2003 no SEPA VIII sobre a nota publicada no Jornal da Bahia de 6 de dezembro de 1972 sobre a inauguração do sistema Ferry Boat na baía de Todos os Santos relatando a viagem inaugural do Ferry Boat Agenor Gordilho.

Após uma reforma sofrida no final da década de 1980 que o transformou em “dose dupla” acrescentando mais um convés de veículos e lhe conferindo os atuais 71m de comprimento a sua capacidade foi ampliada para 90 veículos e até 600 passageiros.

Ferry Boat Agebor Gordilho no atracadouro de Bom Despacho sendo preparado para ir para o fundo da baía de Todos os Santos.

Após alguns contratempos em sua longa jornada de mais de 40 anos fazendo a travessia Salvador-Itaparica, dentre os quais um passageiro caiu no mar, outro tentou o suicídio pulando no meio da baía, por mais de uma vez o Agenor Gordilho ficou à deriva, bateu no Ferry Boat Zumbi dos Palmares e várias vezes foi afastado da operação para reparos … até que finalmente no final de 2017 o Agenor Gordilho encerrou suas travessias e ficou encostado no terminal de Bom Despacho, na ilha de Itaparica esperando a decisão do seu destino.

Para ser afundado o Ferry Boat passou por um processo de limpeza onde todas as peças perigosas ou que possam conter algum vestígio de óleo como a motorização e todo o sistema hidráulico foram retirados para evitar os danos ambientais causados pelo óleo dispersado à partir do naufrágio.

Novas aberturas foram criadas, paióis foram abertos, tudo para tornar o mergulho neste naufrágio que estará em sua porção mais funda a mais de 30m de profundidade, o mais seguro o possível.

A AMERB com representação de todas as escolas e operadoras de mergulho recreativo de Salvador definiu alguns parâmetros básicos para que os mergulhos neste naufrágio seja realizado com o máximo de segurança o possível, e cada operadora ainda pode ampliar as condições de segurança das suas operações com mais exigências para cada nível de mergulho.

Convés superior já limpo, pronto para o naufrágio

Nível 1 – Mergulhadores Open Water Diver (básicos) ou equivalente poderão visitar as cabines de comando e a área externa do convés superior, além de mergulhar ao redor do navio até a profundidade do convés de passageiro.

Convés de passageiros já preparado para o naufrágio.

Nível 2 – Mergulhadores Advanced Open Water Diver (avançado) ou equivalente poderão penetrar no convés de passageiros e nadar ao redor do naufrágio até o casco, passando pelas áreas abertas e no teto do convés superior de automóveis.

Convés superior de automóveis sendo preparado para o naufrágio

Nível 3 – Mergulhadores com treinamentos específicos em naufrágio e técnicas de mergulho técnico como o uso de misturas gasosas e o uso de dupla de cilindros em sidemount por exemplo poderão acessar a parte coberta do convés superior de automóveis.

Convés inferior de automóveis sendo preparado para o naufrágio

Nível 4 – Mergulhadores com treinamentos avançados em naufrágio e experiência em mergulhos técnicos poderão acessa o convés inferior de automóveis e a praça de máquinas.

Praça de máquinas sendo preparada para o naufrágio

Nível Hard – Mergulhadores com bastante experiência e treinamento técnico avançado, em especial mergulhadores utilizando circuito fechado, poderão acessar salões de descanso, banheiros e outras áreas perigosas abaixo do convés inferior de automóveis.

Mais detalhes em breve …

AGUARDE!!

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Mergulhador e apaixonado pelos oceanos desde a infância.
Desde a década de 1990 está envolvido em ações e pesquisas relacionadas com a biota aquática, tendo sido coordenador de resgate do Centro de Resgate de Mamíferos Aquáticos (CRMA) do Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA) e fundador do Centro de Pesquisa e Conservação dos Ecossistemas Aquáticos (Biota Aquática) e do EcoBioGeo Meio Ambiente & Mergulho Científico, e ao longo dos anos participou de projetos de pesquisa e de consultoria na ambiental em parceria com diversas instituições.
Também atua como instrutor de mergulho SDI e PADI.
Tem como objetivo, além de produzir informação de qualidade fomentar o reconhecimento e a qualificação dos mergulhadores científicos.

About Rodrigo Maia-Nogueira

Mergulhador e apaixonado pelos oceanos desde a infância. Desde a década de 1990 está envolvido em ações e pesquisas relacionadas com a biota aquática, tendo sido coordenador de resgate do Centro de Resgate de Mamíferos Aquáticos (CRMA) do Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA) e fundador do Centro de Pesquisa e Conservação dos Ecossistemas Aquáticos (Biota Aquática) e do EcoBioGeo Meio Ambiente & Mergulho Científico, e ao longo dos anos participou de projetos de pesquisa e de consultoria na ambiental em parceria com diversas instituições. Também atua como instrutor de mergulho SDI e PADI. Tem como objetivo, além de produzir informação de qualidade fomentar o reconhecimento e a qualificação dos mergulhadores científicos.

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