A canhoneira alemã Eber, construída entre 1902 e 1903 para o Imperial German Navy pelo estaleiro Vulcan A.G. (Stettin & Hamburg), aparentemente não tinha uma função estratégica de grande relevância, com seus 64,1m de comprimento e 9,70m de boca (largura) armada com dois canhões de 10.5cm e quatro canhões de 88mm além de algumas metralhadoras chegava a portos específicos marcando a presença da bandeira Alemã.
Durante o calor da primeira grande guerra mundial a Eber atuava no comboio de navios carvoeiros que abasteciam os cruzadores e corsários da frota alemã do Atlântico, dentre os quais o Cap Trafalgar para quem forneceu seu material bélico.

Em 31 de agosto de 1914, após transferir suas armas para o Cap Trafalgar a Eber partiu desarmada e atuando como navio mercante para a Baía de Todos os Santos onde chegou no dia 14 de setembro do mesmo ano fundeando inicialmente no banco da Panela e posteriormente após autorização da Capitania dos Portos, na enseada de Itapagipe, próximo aos tamarineiros da Ribeira em um local com 10.5m de profundidade onde permaneceu por três anos.

Em 26 de outubro de 1917 o então Presidente Venceslau Braz, por conta do afundamento de quatro embarcações brasileiras, decretou Estado de Guerra contra a Alemanha e mandou ocupar o navio de guerra alemão que estava ancorado no porto da Bahia.

Segundo os jornais da época a tripulação da Eber sob as ordens do Alfredo Schaumburg que tomou conhecimento do Estado de Guerra e da ordem de ocupação do navio, começou a se desfazer de documentos importantes que se encontravam à bordo como livros de códigos (criptografia), mapas, diários de bordo, entre outros, além de objetos de valor e por fim abriram as válvulas dos compartimentos estanques a fim de impedir o acesso aos porões do navio e provocaram um incêndio na área morta da embarcação.

Em poucas horas a Eber já estava quase que completamente submersa restando à Marinha Brasileira apenas prender os tripulantes que conseguiram capturar.
Hoje os destroços da Eber encontram-se a cerca de 10m de profundidade em frente à praia do Bogarí, na Ribeira.
A visibilidade no local dificilmente ultrapassa os 3m na horizontal, o que torna o mergulho neste naufrágio pouco atraente e por conta disto ele não figura entre as atrações rotineiras das operadoras de mergulho da cidade apesar de estar em águas rasas, abrigadas e possuir um grande valor histórico.

Em 2017, quando o naufrágio completou 100 anos, netos e bisnetos do comandante Alfredo Schaumburg que na época residiam no Rio de Janeiro vieram à Salvador para fazer um mergulho na canhoneira Eber. O evento teve cobertura do Jornal ATARDE e do portal G1.
Mergulhadores da EcoBioGeo estão planejando algumas imersões no navio a fim de coletar mais informações e desenhar um croqui.
Autor(es)
Mergulhador e apaixonado pelos oceanos desde a infância.
Desde a década de 1990 está envolvido em ações e pesquisas relacionadas com a biota aquática, tendo sido coordenador de resgate do Centro de Resgate de Mamíferos Aquáticos (CRMA) do Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA) e fundador do Centro de Pesquisa e Conservação dos Ecossistemas Aquáticos (Biota Aquática) e do EcoBioGeo Meio Ambiente & Mergulho Científico, e ao longo dos anos participou de projetos de pesquisa e de consultoria na ambiental em parceria com diversas instituições.
Também atua como instrutor de mergulho SDI e PADI.
Tem como objetivo, além de produzir informação de qualidade fomentar o reconhecimento e a qualificação dos mergulhadores científicos.