Em 2007 foi registrado pela primeira vez na baia de todos os Santos através de um mergulho que a Biota Aquática realizou no naufrágio do Cavo Arthemides a presença de duas espécies do coral sol (Tubastraea tagusensis e Tubastraea coccinea ), um coral não nativo, comum do Indo-Pacifico, que tem alta taxa de fecundidade e estratégias de colonização muito eficiente competindo e expulsando as especies nativas.

Coral-sol (Tubastraea) registrado no naufrágio do Cavo Arthemide em 2007
Diversos esforços foram realizados por uma coalizão formada pela Biota Aquática, Organização Socioambientalista ProMar, Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Universidade Federal da Bahia (UFBA) através do Laboratório de Poriferas (LabPor) e o Projeto Coral Sol, desde diagnóstico da invasão, estudos de dispersão, manejo de áreas impactadas à capacitação de voluntária para agirem no monitoramento e erradicação deste coral na baía de Todos os Santos.
Em poucos anos o coral sol infestou outros pontos da baía e em 2012 já estava presente em alguns recifes além de piers, pilares e outras instalações artificiais na região de Madre de Deus, na foz do rio Paraguaçu, nos recifes da região de Aratuba e Berlinque (Caramuanas e Recife dos Cascos), porém apesar de uma carência de esforços mais efetivos nos últimos anos a infestação não tem tido a mesma eficiência. Novos pontos de colonização foram registrados, porém de forma mais tímida e em um ritmo mais lento.
O coral sol aproveita os cascos de navios e estruturas submersas de plataformas, onde é comum a sua colonização, para “invadir” novas áreas. Diversas plataformas que chegam para manutenção no interior da baía chegam infestadas desse coral.
Para piorar a situação da nossa baía, pouco mais de 10 anos depois da chegada do coral sol dois novos corais invasores originários do Indo-Pacifico foram oficialmente registrados por pesquisadores da UFAL e da UFBA em 2018, o coral-mole-de-Okinawa (Clavularia cf. viridis) a xenia-azul (Sansibia sp.), octocorais muito difundidos no ramo da aquariofilia onde são conhecidos por soft corals.

Estes corais já foram registrados nas praias do Parque Marinho da Barra e no Porto da Barra, inclusive em fotos feitas por mergulhadores recreativos feitas na região desde 2015.
Muito poucos se sabe ainda do real impacto da presença destes corais na baía de Todos os Santos, porém os pesquisadores da UFAL e da UFBA estão estudando o assunto através do Projeto Corais da Bahia.
Um mergulhador postou no APP iNaturalist fotos do xenia-azul em uma praia do Parque Marinho da Barra que serviram de base para a matéria “Invasive Blue Xenia Is Spreading Quickly In Brazil!!!” de autoria do pesquisador Joe Rowlett publicada em junho de 2018 no site reefs.com .
Além da baía de Todos os Santos, no Brasil existem registros desses corais na costa do Rio de Janeiro.
Acredita-se que estes corais, por serem tão comuns na aquariofilia, tenham sido introduzidos através da soltura irresponsável de aquaristas que não mais queriam os seus espécimes.

Soft corals (Clavularia cf. viridis e Sansibia sp.) registrados pelo Projeto Corais da Bahia. Foto: Instagram @coraisdabahia
Se você encontrar algum desses corais, sejam os corais sol ou os soft corals, não tente removê-los pois corre o risco deles liberarem gametas na água e ao invés de ajudar você acabar auxiliando na propagação da invasão. Existem técnicas para a remoção segura, fiquem de olho no instagram do Projeto Corais da Bahia (@coraisdabahia) para se cadastrarem como voluntários em caso de necessidade de auxílio nestes trabalhos.
Comunique os registros que você fez desses corais para o Projeto Corais da Bahia através do Instagram do projeto ou através do email coraisdabahia@gmail.com .
Autor(es)
Mergulhador e apaixonado pelos oceanos desde a infância.
Desde a década de 1990 está envolvido em ações e pesquisas relacionadas com a biota aquática, tendo sido coordenador de resgate do Centro de Resgate de Mamíferos Aquáticos (CRMA) do Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA) e fundador do Centro de Pesquisa e Conservação dos Ecossistemas Aquáticos (Biota Aquática) e do EcoBioGeo Meio Ambiente & Mergulho Científico, e ao longo dos anos participou de projetos de pesquisa e de consultoria na ambiental em parceria com diversas instituições.
Também atua como instrutor de mergulho SDI e PADI.
Tem como objetivo, além de produzir informação de qualidade fomentar o reconhecimento e a qualificação dos mergulhadores científicos.
Prezado
Os corais não foram introduzidos por aquaristas.
Mas sim por pessoas que introduziram estes e mais diversos corais em locais marcados para vender as mudas. Existem fazendas clandestinas de coral na Baía.
Agradecemos a sua opinião e sua denúncia em relação às fazendas de corais.